Castas na mesa
22/04/2009
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Castas na mesa
Por Celso Arnaldo Araujo _ Fotos Daniel Cancini e Sidney Tuma

Uma gastronomia que satisfaz os paladares de mais de um bilhão de pessoas, cada uma delas com diferentes dogmas religiosos e casta social, além de regras alimentares regionais, só pode ser riquíssima. São múltiplas cozinhas - da radical à mais liberal - mas sempre saborosíssimas, graças ao sábio uso de centenas de temperos (foto) e requintados modos de preparo. Em São Paulo, impulsionada pelo sucesso da novela Caminho das Índias, a cozinha hindu já faz parte do circuito gastronômico da cidade. Uma comida para, literalmente, se comer de joelhos
 
Lakhi e Mancha Daswani, depois de morar 10 anos em Manaus, vieram para São Paulo em busca do melhor estudo para as filhas. Aqui - aproveitando o espírito festeiro de Lakhi e a exímia mão de Mancha na cozinha - montaram o festejado tandoor. Mukesh chandra (acima, de preto) comanda o Govinda, mais antigo restaurante indiano da cidade, com a ajuda do chef e gerente Dinesh Rajput, casado com a doce Antina. À esquerda, a paulista Manuela, que se apaixonou pela índia e por um indiano, Manish, com quem teve a filha Lara. O restaurante do casal - o curry comida Indiana - é um sucesso
 
A novela de Glória Perez tem sido acompanhada atentamente por um público muito especial - e, evidentemente, muito mais crítico do que o brasileiro. São os indianos que moram em São Paulo - seja por morarem aqui ou por trabalho temporário. A indústria da Índia avança mundo afora, sobretudo nos segmentos do mercado farmacêutico e de automóveis. Mas a colônia hindu radicada na cidade não passa de 700 pessoas. Às 9 da noite, a maioria delas está grudada na Globo - não exatamente para rever seu país, já que a maior parte das cenas da novela é gravada no Projac em Jacarepaguá, mas para conferir se a Índia que chega até nós é a Índia que ainda mora dentro de cada um. Em linhas gerais, gostam do que veem, porque a novela traz mais luz sobre uma nação milenar, a Índia, onde mora 1/6 da população do mundo, que ainda é uma desconhecida. Segundo, porque, apesar das muitas licenças e de um certo anacronismo nos costumes, eles ainda se reconhecem naqueles personagens, naquelas situações - e sentados àquelas mesas onde comer não é apenas a satisfação de uma necessidade fisiológica, mas também um ritual de devoção, elevação espiritual, comunhão com o supremo. Tudo tem sua razão de ser nesse ritual de levar à comida à boca - até o uso das mãos no lugar de talheres. Na ponta dos dedos, ao redor das unhas, existiriam enzimas que purificam e facilitam a digestão. O lado gourmet de Caminho das Índias ainda não foi muito explorado além dos pasteizinhos (os samosas) vendidos no núcleo carioca da novela. Mas daria uma novela à parte - sobretudo se o roteiro fosse baseado nas histórias reais dos indianos que se estabeleceram em São Paulo e aqui criaram uma pequena, mas autêntica e valorosa, rede de restaurantes hindus que não fariam feio se um bilhão de indianos viessem comer aqui.
 
Fonte: gowhere
 


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